Cheia
Água segue em nível elevado no Quadrado e nas Doquinhas
Alguns moradores retornaram às casas e dique reforçado será mantido até São Gonçalo voltar à normalidade
Volmer Perez - DP - Correnteza estava forte no fim da tarde desta segunda no São Gonçalo
Na manhã desta segunda-feira (3), os técnicos da UFPel voltaram a reunir-se com a Prefeitura e as forças de segurança em Pelotas, mesmo com as reduções significativas nos níveis da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo.
As aulas da rede municipal de ensino voltaram para 86 escolas - a ideia inicial era de que seriam 92. As outras seis devem retornar às atividades na terça.
Muitas famílias viram as águas baixarem no Laranjal, com as melhorias feitas pelo Sanep na contenção próximo no entorno da avenida José Maria da Fontoura e na Casa de Bombas no Pontal da Barra, que voltou a funcionar no domingo.
Apesar da baixa do nível no Canal São Gonçalo, a população das Doquinhas ainda sofre com a inundação nas casas que estão fora do dique de contenção. Os pescadores da região têm tentado, nos últimos dias, retornar às atividades, mas não encontram os peixes, segundo moradores que conversaram com a reportagem.
No Quadrado, a água segue em volume elevado e permanece o reforço do dique elaborado pelo Sanep no início da crise climática. No local, o fim da tarde desta segunda foi de bastante tranquilidade, com apenas um casal passeando por lá.
Volta pra casa
Poucos barcos estavam atracados e o silêncio imperava nos locais residenciais. A manicure Liana Boeira, 39 anos, optou por retornar para casa, após quase um mês fora. Estudante, ela tem como objetivo comprar uma casa em local mais afastado dos cursos de água, com medo de novas inundações. Apesar de estar em casa com os dois filhos pequenos, ela mantém-se alerta à possibilidade de nova elevação do Canal São Gonçalo.
"A gente tem medo ainda, fica apreensiva, até que volta ao nível normal no Canal. Tá muito cheio ainda", relata. "Quero me mudar, mas as condições financeiras ainda não permitem", completa.
Dique reforçado
O lado que não está reforçado pelo dique de contenção ampliado no Quadrado segue debaixo d'água (na pracinha e Instituto Hélio D'Angola), com forte correnteza do canal São Gonçalo. Este dique permanecerá, segundo a Prefeitura, enquanto não houver redução a níveis normais no Canal São Gonçalo.
"A deliberação sobre a remoção do reforço na estrutura da contenção da região do Quadrado depende da redução e estabilização do canal São Gonçalo em seu nível normal e será tomada certamente em conjunto pelos atores que integram a mobilização de defesa contra a enchente no Município, o que inclui a avaliação técnica do Sanep, dos cientistas e da Defesa Civil", informou a administração municipal por nota.
Alerta continua
Segundo Paula Mascarenhas (PSDB), em live na manhã desta segunda, mantém-se o alerta no Município. "O maior recuo [dos níveis do Canal e da Lagoa] deu-se em função dos fortes ventos sul, de 60 quilômetros por hora, que empurraram a água da Lagoa para cima, mas ela vai voltar", ponderou.
"Os especialistas não acreditam que a água volte em situação crítica como já tivemos, vai ser mais ou menos no nível que tínhamos antes deste recuo, que é alto, mas não crítico", completou Paula.
A boa notícia, de acordo com a prefeita, é o estudo que tenta prever quando será a saída deste processo de crise climática, em elaboração pelos matemáticos que estão na Sala de Situação. "Vamos poder ter o intervalo de dias em que provavelmente vamos nos libertar. Assim que [o estudo] tiver concluído, vamos apresentá-lo."
Redução das águas
Com o vento sul forte, as águas saíram das margens pelotenses. A Lagoa dos Patos atingiu a menor medição às 8h, de 1,73 metros, após constante redução durante a madrugada. A partir de então, começou a subir, e aproximou-se dos dois metros ao fim do dia.
O canal São Gonçalo continua a receber uma quantidade expressiva de águas da Lagoa Mirim - que apresentou queda nos níveis em Santa Vitória do Palmar, caindo de 4,70 metros para 4,38 metros, ainda acima da cota de alerta.
No canal, no entanto, o nível caiu durante a madrugada e manhã, com a medição mais baixa às 11h, de 2,63 metros, e manteve-se relativamente estável durante o dia, abaixo dos 2,70 metros.
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